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domingo, outubro 08, 2006

O mito do atraso

Quem leu o caderno Mais, da Folha de São Paulo deste domingo, deparou com uma tabela, na página 3, listando as áreas do conhecimento nas quais cientistas brasileiros mais publicaram artigos em revistas internacionais indexadas, de 2001 a 2005. A lista em questão cita aquelas áreas em que nossos cientistas publicaram mais de cem artigos no período, com uma coluna que mostra também o número de citações desses artigos. Enquanto o primeiro dado mostra o percentual de publicações, o segundo mede o impacto dessas publicações no mundo científico.
Algumas curiosidades interessantes da lista, são:

a) entre as áreas em que mais publicamos estão Física, Agricultura, Matemática, Ecologia, Microbiologia, entre outras;

b) Agricultura encabeça a lista de mais publicações, mas é a Física que lidera o número de citações, o que indica que nossas publicações em Agricultura tem importância apenas local;

c) em áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico como Ciência dos Materiais, Engenharia e Ciência da Computação não só publicamos aquém do que deveríamos para avançarmos, como também somos pouco citados, o que mostra o baixo impacto de nossa produção tecnológica no mundo;

d) em Psicologia e Psiquiatria nossa produção é pequena mas de qualidade, o que é demonstrado pela aproximação entre os índices de publicações e citações;

e) nossa produção científica em Ciências Sociais e Humanas é ridícula, o que pode demonstrar alto índice de subdesenvolvimento;

f) EDUCAÇÃO NÃO APARECE NA TABELA, pois não tivemos cem publicações em revistas internacionais indexadas nos últimos cinco anos, nessa área do conhecimento.

Dá o que pensar?

Apesar disso, comparando com China e Índia, dois países emergentes como o Brasil, o artigo mostra que não estamos assim tão mal. Daí o título "mito do atraso".